quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Avril Lavigne - Tomorrow



“And I wanna believe you
When you tell me that it'll be okay
And I try to believe you
But I don't (...)”

Avril Lavigne - Tomorrow

Você passa a vida inteira imaginando como seria se você tivesse feito aquela outra escolha, aquela outra coisa ou até mesmo ter escolhido aquela outra pessoa, que em sua imaginação, com certeza teria sido melhor em algum aspecto. Só que você nunca parou pra pensar se seria realmente melhor, se seu destino não pregaria as mesmas peças que pregou na vida real, a que você escolheu. Escolhas devem ser avaliadas com muito cuidado, você tem que ter certeza do que você quer e que sua escolha não irá magoar ninguém que você ame, ou mesmo que não ame, que se tiver que machucar alguém, machuque apenas a você. Neste ponto você deve ser egoísta.
Eu fui vítima de uma escolha errada. Não digo que sofri mais que a pessoa que cometeu esse erro, mas sei que sofri, e sofri muito. Não sofri mais que meu pai, ou meu irmão – apesar dele não ter demonstrado seus verdadeiros sentimentos para com a situação. Que escolha foi essa? A separação. A separação de meus pais. Você nunca acha que vai acontecer com você. Você vê seus amigos, filhos de pais deparados, e pensa que nunca agüentaria passar por tal momento. “Meus pais se amam, eles nunca iriam se separar!” – Até que você acorda. Casamento é uma coisa complicada, tem que amar mesmo pra continuar sendo como sempre. Crises, claro! Qual o casamento que não passa por crises? É normal. Normal até um ponto. Até que começam as desconfianças, perguntas “indiretas”, coisas que não comuns. Ai, puff... O mundo desaba, o casamento de seus pais desaba e você acha que não pode, que nunca vai ser como antes, e você chora. Chora pedindo a Deus para que eles se reconciliem e voltem a se amar e ser felizes juntos, outra vez. Você descobre que sua família agora é uma farsa. Não vive mais do amor entre eles, e sim por conveniência – como diria minha mãe. E foi isso que aconteceu...
Um certo dia, estava eu, na sala, fazendo tarefa da escola, meu irmão no computador, minha mãe em um sofá e meu pai em outro. “Ramon, vem cá” – Ele grita meu irmão, com uma expressão séria no rosto. E o que você mais torceu para que não acontecesse, simplesmente acontece. “Eu e sua mãe vamos nos separar. Não dá mais. Cada um vai pro seu canto”. O que? Como assim? Quem decidiu isso? Na hora você ri, dá gargalhada, acha que é brincadeira, mas aí vem aquela frase que você cansou de ouvir em novelas: “Eu só quero que vocês saibam que vamos continuar sendo seus pais, mesmo com a separação”. Ahm? Mas é óbvio... Não! Não quero! Você vai pro seu quarto, bate a porta, tranca e chora. Quem é que te ajuda nessa hora? Quem pode te salvar? Sua família feliz acabou, você acabou.
Um belo dia você acorda pra cuspir, e descobre que continua tendo uma mãe, e seu pai está lá sempre. Você vê que a separação não é o fim do mundo, e a fase “menina mimada” passa. Até que mamãe resolve voltar... Arrepende-se de ter saído de casa, e ela volta! Papai aceita. Felizes outra vez. Até que mamãe vê que preferia a outra vida. A livre, sem marido, sem filhos. E ela vai embora de novo. Ela entra em depressão porque vê que nada daquilo era o que ela imaginava. Quer voltar de novo, mas dessa vez não tem mais chances. Se ela quiser voltar, vai ter que demonstrar isso, fazer o certo e tentar limpar toda a sujeira que ela fez nesses dois anos de crise existencial.
Minha mãe... Ah, minha mãe... Errou tanto em ultimamente do que poderia ter errado em toda a sua vida. Poderia ter sido diferente, né? Aposto que foi isso que pensou quando resolveu desfazer a família tão “feliz e unida” que éramos. E agora, graças à Deus, podemos tentar outra vez. Essa história ainda arranca lágrimas dos meus olhos. Em seus momentos mais sozinhos e lamentáveis, me deixou ser mais que sua filha. Deixou-me ver o que realmente sentia, o que realmente amava, desejava. Imagine sua mãe dizendo o quanto ama um homem, e que esse homem, não é o seu pai... Claro, sempre cuidadosa em suas palavras, para que eu não ficasse chocada. Você é a mulher mais fantástica e maravilhosa que já vi, mãe. Você é incrível, tenho orgulho da sua coragem e sei que nunca vou ser tão forte quando você foi e é.
Papai... Como me dói lembrar o quando você sofreu com isso tudo. Meu coração se parte ao saber que de seus olhos caíram tantas lágrimas e de sua boca tantas palavras que não queria realmente dizer. Honesto, gente finíssima. A melhor pessoa que conheci até hoje, tão diferente de tudo e de todos. Tão único, tão especial. Claro, é humano, e erra, sei que erra. Mas o que são seus erros comparados aos seus acertos? Você é perfeito pra mim e nenhum outro pai poderia ser tão quanto você é e sempre foi. Eu poderia afirmar com toda certeza que te ver chorar foi a experiência mais marcante de toda a minha vida, que mesmo curta, já passou por tanta coisa, tantas decepções. Seus olhinhos, sempre verdes e radiantes, desta vez tão vermelhos e marejados de lágrimas que não tardavam a cair. Os dentes, sempre à mostra em um encantador sorriso – mesmo amarelo por causa do cigarro –, desta vez escondidos, em uma expressão de tristeza e desgosto. Precisando de um abraço. Precisando do meu abraço. Tantos abraços lhe neguei, tantos abraços que não tive coragem de dar por causa da minha covardia ridícula e inútil. Sabia que se o fizesse, seriam apenas lágrimas. Um coração tão grande e tão frágil em seus mínimos detalhes. A você a minha vida. A você o meu eterno amor. A você a melhor filha que um pai poderia ter.
Meu irmão, sempre distante. Em toda essa situação não deixou cair uma lágrima – pelo menos, não que eu visse. Fechou-se para mim, para todos.

Espero um dia ter coragem suficiente para dizer isso pra vocês.

2 comentários:

Anônimo disse...

Realmente, quando você disse que esse seria seu post mais marcante, estava certa. E eu nem imaginava o quanto.
Causou lágrimas em meus olhos.
Tenho tanta coisa pra dizer, tanta coisa me passa pela cabeça. Tanta coisa que você tem que se parece comigo. Temos mais em comum do que achamos que temos. E ao mesmo tempo coisas que você sabe que eu não sei e vice-versa.
Você é grande garota, Nannyhzão.

Te amo!

Donα Morαngo* disse...


"Mais difícil que conquistar é reconquistar." Casamento é reconquista diária, sem isso, tchau.

Menina, não te conheço nem um pouco, mas imagino, só imagino, o que sentiu e o quanto chorou. Muitas vezes, como agora lendo isso, dei graças a Deus por meus pais terem se separado quando eu não tinha noção do estrago que isso causa em alguém, eram apenas 5 anos de idade. Agora vejo os reflexos disso, quase 20 anos depois.
Não gosto de pensar na pessoa que eu seria se isso tivesse me acontecido na sua idade, só gosto de saber que sou quem sou e, principalemnte, estou onde estou devido à decisão deles.

A dádiva de ser pai e mãe é que um acerto repara, no mínimo, 5 erros, rs. E isso é maravilhoso! Porém, sabe aquelas frases de vó?! Então, 'se não está tudo bem, é porque ainda não acabou' (ou qualquer coisa assim - uashaushauhsaus (Y))

O fato é que vim aqui só pra retrucar o seu "não mais que Doritos", pense bem, ela é gostosa e crocante tal qual Doritos! muaha* Eu agarantxio!
uahsuahsuahsuahsua

Ótimo texto (embora talvez este comentário seja desnecessário depois da 'epópeia' que escrevi)! hoho*

Bom, passei sem pedir licença, agora me retiro da mesma maneira, hehehe.
Beijo e força na peruca! wow